
(*)
Germano Gouveia Romero, natural
da capital paraibana, é graduado em Arquitetura e Urbanismo e Bacharel em Música.
A sua bem sucedida atividade de
arquiteto, assinando projetos pelo país inteiro, não tem o condão de lhe
afastar de outro segmento da arte, a escrita.
Há mais de 10 anos, iniciou sua
atuação como colaborador de vários jornais da cidade e ainda hoje assina
colunas semanais no jornal Correio da Paraíba e A União, na revista bimestral
Tribuna Espírita, além de manter colunas em portais e revistas digitais como
Abelardo.com e a Revista D&A.
Como hobby desenvolveu atividades
nas Artes plásticas (pintura), tendo participado de exposição coletiva na
Galeria Archidy Picado.
Outra atividade que exerce com
muita frequência é a de “globe trotter” com frequentes viagens já empreendidas
nos cinco continentes, em mais de 30 países, incluindo Rússia, Grécia, Egito,
Turquia, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Participou como apresentador do
quadro “Parada Obrigatória”, no programa “Cá Entre Nós”, durante 2 anos na TV
Master, e atualmente, há um ano, em cartaz na RCTV.
Integrou no biênio 2009/2010 o
Conselho Diretor da Fundação Espaço Cultural José Lins do Rêgo.
O blog http://percepcoesreais.blogspot.com.br/,
por sua titular, agradece a Germano a
cessão desse artigo lindo e emocionado por ele escrito.

O chuveiro elétrico do nosso banheiro
queimou. Apesar de gostar de frio e chuva, não sou dado a banhos frios, vá
entender...O jeito foi usar o banheiro de papai, que, há mais de 30 anos,
também era de minha mãe.
Em dado momento, ao me ver dentro
do box, comecei a me lembrar dela. Olhei o teto, as paredes, as pequenas flores
estampadas no azulejo decorado.
Era nesse banheiro, espaçoso, que
eu costumava me sentar em um banquinho, atrás do espelho, para conversar com
ela, antes de dormir, olhando-a retirar a maquiagem do dia, com os cremes da
noite. Em uma gaveta abaixo da bancada, dividida em quatro partes, ela guardava
os utensílios de toalete, tudo muito organizado.
Quando ela partiu, visitar esses
locais foi para mim uma dura lição cheia de saudades, mas rica de ensinamentos.
Ficava pensando em como tudo passa...E como os objetos pessoais, que tanto
julgamos nossos, ficam para trás, para outros ou para ninguém.
Daí, rememorei quantas vezes
passei os olhos e as mãos por seus vestidos, sentindo-os no rosto, revivendo o
seu cheiro, dedilhando objetos nas gavetas, procurando me aconchegar em sua
lembrança pelo tato do carinho que sentia ao tocá-los. Quantas vezes vim aqui,
olhar para os seus batons, suas escovas, os estojinhos de cílios postiços,
presilhas de cabelo...
Agora estava tomando banho em seu
banheiro, e, mesmo tanto tempo depois, eram tão vivas as lembranças. A água
escorria por minha cabeça, os olhos percorriam as florzinhas da parede, que me
lembravam as do jardim que ela tanto cultivou, nas tardes de domingo...
Estava ali a vida passando, escoando pelo tempo,
inexorável. Como a água que sumia pelo ralo, nas entranhas dos esgotos, a
caminho da rua, pra de lá voltar aos rios.
E mais tarde subir ao céu, virar
nuvem e desaguar pela bênção de uma chuva, no jardim ali da frente, que também
foi seu um dia...
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