AS POSSIBILIDADES DA VIDA

Sensação que causa um misto de contentamento e esperança é quando podemos detectar as inúmeras possibilidades que a vida nos apresenta. Desta, pode haver um desdobramento igualmente reconfortante. É no instante em que abraçamos as que com ela nos identificamos ou, ainda, que, de repente, nos descobrimos afins.

Outro dia estava assim “olhando a vida” e me veio o poema abaixo.

QUANDO

Quando penso no que o mundo tem para oferecer;
Quando olho um horizonte sem fim;
Quando vejo desconhecidos passando por mim,
Alcanço as possibilidades das conquistas que estão por vir.

Quando muitos estão a desistir;
Quando outros desistem sem tentar;
Quando o peso sobrepesa sobre os ombros,
Intuo que ainda é tempo de tentar.

Quando a dúvida insiste em perturbar;
Quando o desânimo o corpo quiser tomar;
Quando a impaciência sem controle assolar,
Busco do alto a ajuda pra me amparar.

Quando, enfim, a vitória acontecer;
Quando as lágrimas vierem rolar;
Quando constatar que a luta valeu,
Ajoelho, agradeço Àquele que me socorreu!

Penso que deu para ilustrar um dizer sobre o reconhecer da descoberta e a persistência em abraçar as oportunidades, mas, também, sugere que as possibilidades ofertadas ressentem-se da observação de cada um, bem como da disposição de se colocar como protagonista da história.

Acho bem curioso, no sentido interessante, como comecei a escrever as minhas percepções. Foi de maneira inusitada. Num mergulho no mar, vieram-me à mente umas frases que normalmente não se constroem no nosso dia a dia. Sorri e continuei a me deleitar entre as águas. O pensamento insistiu. Por óbvio, não portava papel e caneta. Pois bem, banho aproveitado, volta para casa, afazeres do cotidiano. Isso se passou na parte da manhã do dia 18/03/2017. Qual não foi a minha surpresa que, ao anoitecer, deitada numa rede, os versos voltaram a me visitar na mesma forma inicial. Mais uma vez sorri e peguei o primeiro papel que estava à mão, uma folha de agenda já toda rabiscada, com variados assuntos. Ali transcrevi a inspiração, e a partir de então, nunca mais deixei de praticar “esse esporte”.

Abro um parêntese aqui, para fazer um registro de uma particularidade que imagino não ser só minha, mas de alguns que se descobrem instigados a compilar os seus pensamentos. É que tudo o que vemos ou pensamos que crie um estado de contemplação, reflexão ou questionamento causa um impulso imenso em externar isso materialmente, cada um no seu estilo próprio, é claro. Assemelha-se até a uma espécie de vício, respiramos a inspiração, o que transmite um maravilhoso sentido para a vida.

Sessenta e oito dias depois, numa clima de euforia, brincadeira e surpresas, publiquei, num momento festivo, com vários amigos dando um suporte incrível, o livro PERCEPÇÕES.

No ano seguinte, surgiu A POÉTICA VIVÊNCIA DO SER!, feito com um carinho extremado, contendo uma homenagem à minha filha, Carla Patrícia Dias de Medeiros Lucena, que também se arvora na escrita, o que me deixa bem agradecida a Deus!

E aqui estou dispondo esse texto no terceiro título, PONTOS & VERSOS, com a mesma dedicação, empenho e gratidão.

Não poderia deixar de fazer essa breve narrativa, porque só eu mesma sei como me sinto feliz em ter sido escolhida e ter correspondido, abraçando a possibilidade. Nunca tinha escrito algo com o intuito de que gerasse poesia para alguém. Mas confesso que é deveras gratificante você ter a condição de colocar em verso, prosa, ou no estilo elegido, o que dita o seu coração, sempre com o melhor propósito, qual seja, o de poder colaborar com a humanidade. O limite do alcance dessa colaboração a nós não pertence. Creio que o que cabe a cada um que tem bons sentimentos é doá-los. O bem não se desvia por completo. Sempre irá encontrar portos para atracar. Sem dúvida, encontrará alguém que o recepcione. E corações nobres têm como bandeira a marca da reciprocidade, o que gera um desdobramento, que pode até lembrar esse verso de um dos meus poemas: “E os limites, por vezes ilimitados, não nos dão a medida do alcance.”

Mas, voltando à essência do tema, as possibilidades que a vida oferece, temos que é de fundamental importância estar atentos a elas, por mais que se ache que se está satisfeito e realizado. Pela própria índole do ser humano, é comum sempre pensar que se precisa de algo para se completar, se sentir preenchido. E, honestamente, eu já nem sei se é que se pensa ou se realmente é algo fisiológico, uma necessidade decorrente de uma carência organicamente generalizada ou de uma insatisfação crônica. Daí que ter essa visão provedora da vida, no aspecto que permite as pessoas se descobrirem durante toda a existência, seria o combustível que alimentaria positivamente uma individualidade animada, dando condições de se inovar, se cuidar, ser útil, criar, ocupar-se, e o que é melhor, cada um com o livre arbítrio para escolher exatamente aquilo que combine com a sua personalidade, com o seu querer.

Isso traz uma liberdade, em que o compromisso maior deverá ser com o bem. Porque isso deve ser o básico, não é assim? Eu mesma tenho uma linha de escrever não muito ligada às formas, à formalidade. O contrário, sei que me engessaria o pensamento, não sendo difícil encontrar nos meus livros declarações em forma de poema da natureza dessa aí adiante, tendo como base exatamente momentos particulares de reflexões. Transcrevo-o com o intuito de corroborar as considerações supra.

O SER

Refastelada estou
Com a existência na vida.
Por Deus foi-me dado muito,
E sou muito agradecida,
Mas continuo buscando
Ainda coisas queridas,
Pois, por mais que abonada,
Ainda me apaixonam
Os prazeres da conquista.

A vitória busco eu
Com afinco e destemor,
Encravada nas virtudes 
Que nos fazem um vencedor,
Pois é sabor dado à vida
O superar obstáculos,
Desafiando propósitos,
E colher os resultados.

Importante que o querer
Brote da necessidade,
Ou, quem sabe, da vaidade,
Que às vezes pode ser santa,
Espantando a preguiça,
Que vez por outra desponta.

A Deus, eu peço ainda
Que me dê longevidade,
Saúde e bem-estar
Pra viver com dignidade,
Porque é muito bom viver,
E não me afino com a saudade!

Concluindo, quando aqui falo nas possibilidades que a vida nos presenteia, já quero acreditar que automaticamente pensamos em felicidade, até porque quando decidimos buscar algo novo, modificar um ritmo de vida, é certo que estamos querendo um novo norte, promissor e, dentro da realidade terrena, que nos brinde com muitas coisas boas.

E, para não fugir do modelo do texto, trouxe o poema abaixo, no qual teremos a oportunidade de detectar atitudes possíveis, ao nosso dispor, para a conquista deste valioso bem, que é a felicidade, estado de espírito sublime!

A FELICIDADE

A felicidade não se encontra na busca da felicidade,
A felicidade se encontra no fazer da caridade,
Se encontra na prática do perdão,
Se encontra num abraço,
Se encontra num aperto de mão.

A felicidade aparece quando decidimos ser feliz,
Quando não nos aborrecemos por qualquer triz,
E se a dificuldade atravessa,
Devemos retirá-la sem querela.

Parece difícil ser feliz,
Mas se procurássemos motivos para dizer:
Vida, saúde e o que a natureza tem pra oferecer!
Veríamos que temos mil razões para agradecer.

Enfim, felicidade, já disse antes a poeta,
É estado de espírito que se elege,
É valorar os eventos na medida que merecem,
É decidir que viver não tem que ser
Um eterno e penoso padecer!

É bem verdade que não podemos falar de flores sem lembrar que elas têm espinhos, mas que os espinhos, certamente, devem ter a relevante função de despertar para As Possibilidades da Vida!

                                                                                                                     #EneidaDiasdeMiranda