quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

ATENDIMENTO METEÓRICO (A ERA DA INTERNET), POR LAUDICÉIA RAMOS






Essa tal de Internet
Que apareceu nesse mundo
Acabou com muita coisa
Até o afeto profundo

A família, nem se fala!
Essa não tem mais lazer
É na tal da Internet
Que nem lembra de comer

Hoje tudo é muito rápido
Não se pode perder tempo
Tudo passa fulminante
Como um silvo de um vento

Imagine que no médico
Quando adentro ao seu recinto
Ele entra na Internet
E sabe tudo que sinto

Se tenho uma taxa alta
Se sofro do coração
Se fiz o último exame
Se tenho pai ou irmão


Se a mãe morreu ou vive
Se preciso de dieta
Se sou uma sedentária
Ou se sou uma atleta

Tudo isso é registrado
Nesse tal computador
A gente já não conversa
E não diz nada ao doutor!

Antigamente eu falava
Dizia aonde doía
Mas hoje na minha “pasta”
Tem coisas que eu nem sabia!

Quando a gente faz exame
Fica tudo registrado
Daqui a pouco é de casa
Que vamos ser consultados

A pressa faz com que a gente
Deixe às vezes de dizer
Alguma coisa importante
Por medo de aborrecer

Tem coisa que a Internet
Facilita e é muito bom
Mas aquele olho no olho
Dava à consulta outro tom

Ao médico e ao advogado
Nada teria barganha
O coração se abria
E não se tinha vergonha

Eram amigos da família
Eram mais que um compadre
E muitas vezes faziam
Até as vezes do padre

Mas hoje tudo é mudado
Nesse sistema tão frio
É tanta coisa automática
Que chega a dar arrepio

Sou mais o tempo do “vôte”
Onde o médico bonachão
Sabia de cor os nomes
Do pai, da mãe, do irmão

Não tinha hora marcada
E nem pressa de acabar
Conversava-se de um tudo
Nem via a hora passar

Mas não se pode querer
Que o tempo fique parado
E vamos nós nessa vida
Fazermos tudo apressado

A fila anda meu caro!
Já não somos mais alguém
Somos letra, arroba e senha
Ponto com, barra ninguém.
(Laudicéia Ramos)


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